terça-feira, maio 25, 2010

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Isso não é poema.
São apenas idéias
Palavras
Sensações esquisitas
Que povoam uma mente infértil

Isso aqui não é nada.
É dor passageira
É folha levada ao vento
Numa calçada esburacada e suja

Isso aqui é apenas isso
Não é mais que isso
E nunca será...

Isso passa longe de ser
Algo que se possa questionar
De alguma forma profunda

Isso aqui é algo mais próximo de nada
Ou de uma coisa tão desproporcionada
Que beira ao vago

Ao oco
Ao tosco
Sombrio
Vazio

Isso é...
Isso é!
Isso é?

Isso não passará disso
E nunca ousará passar
Nunca buscará passar
Isso aqui sabe o seu lugar.

Isso é isso.
E por ser isso

Basta!

quinta-feira, maio 20, 2010

Ventania

Ar que envolve
Refresca
Arrepia
Ar que define vida
Ventania

Vento quente
Levanta poeira
Apaga a lareira
E volta a queimar

Vento frio
Provoca arrepio
Sem medo desse vazio
Que aqui teima em reinar

Vento que leva

Carrega

Faz voar

Vento que vai
Que volta
Que rastros irá apagar

Vento que é ventania
Refresca meu dia
E em algum momento será...

Vento que passou
Carregando
Assoviando
Separando a poeira
Que teimava em ficar

O mesmo que me trouxe aqui
E bem por ali irá esperar...
Esperar por um novo começo
Daquela vida vazia que não irá voltar

Vento que ensiou-me um dia
Que toda alegria
Será ventania...

E logo passará!

segunda-feira, maio 10, 2010

Pontos equidistantes

Nossos corações são pontos equidistantes.
Pensei em traçar retas ou construir uma ponte
Por um momento ri de minha ignorância
Pode parecer tosco e coisa de criança

Agora parei e reli
Aqui a distância é fria
Como essa tela que olho agora
Mas vejo uma luz
Frente a mim
Dilatando minhas pupilas
Refletida em meus olhos

Acabo de entender
Que não há distância...
Que o menor caminho entre um ponto e outro

É um ponto!

Que podemos ser a ponte e a reta
Sempre infinitas e sem ligação
A infinitude é a ligação...

Sinto que sempre estaremos próximos!

Coração d'água

Meu coração é:

Como as águas dos rios
Coração amazônico
Que seca, mas corre
Vive
Revive
Vai além...
É o mar do norte
É o mar doce
Profundamente doce...
Mar rico

Mar mítico

Que as serras não serraram
Que o fogo não destrói
Que o dinheiro não compra
Meu coração é grande e doce
Barrento
Lento
Escuro...
Mas doce.
Quando deságuo, exulto com a revelação
Descubro que também sou Oceano
E que o Oceano também é rio.